Acordei

A VIDA no planeta Terra(e além dela) está integrada e há de ser enxergada e vivenciada como 1Todo, ou a idéia de comunidades humanas sustentáveis e saudáveis perde seu sentido. Não temos que tentar criar essas comunidades a partir do zero. Podemos criar sociedades humanas de acordo com os ecossistemas naturais, que são comunidades sustentáveis de plantas, animais e microrganismos que se organizam para sustentar os processos vitais básicos já por bilhões de anos de evolução.

Como eles prosperam com uma abundância de energia e sem desperdícios ? Como a natureza cria as conchas dos moluscos com dureza superior às das cerâmicas produzidas pela mais alta tecnologia humana, e como os fios de seda das aranhas, que são cinco vezes mais resistentes que o aço, são criados de maneira tão silenciosa e na temperatura ambiente, sem qualquer efeito tóxico?

Uma vez que a característica mais proeminente da biosfera é a sua capacidade inerente de sustentar a vida, uma comunidade humana sustentável terá que ser planejada de maneira tal que seu estilo de vida, tecnologia e instituições sociais respeitem, apoiem e cooperem com a capacidade inerente da natureza de manter a vida.

A Humanidade precisa aprender a se comunicar mais profundamente expressando a linguagem da Vida, da Natureza. O processo de coisificação da pessoa, das comunidades e de suas instituições sociais, enfim, das interações humanas iniciado com a industrialização e o sistema de competição, ao promover a fragmentação, a superioridade humana sobre a natureza, o isolamento do individuo, ao amplificar a competitividade e espetacularizar as experiências individuais, levou-nos a invejar uns aos outros, a buscar obsessivamente o controle das pessoas e a ansiar por resultados de sucesso, incapacitando-nos cada vez mais para o corpo-a-corpo necessário à cooperação. Moldado tal ambiente de trabalho organizacional, passamos a ser oprimidos por sermos tratados como mera engrenagem de uma fábrica e inimigos mútuos, o que já nos alienou e degradou por demais. E continuamos a amplificar nossas doençasenquanto nos empenhamos mais e mais para tornar a marca empresarial mais valiosa economicamente, e competitiva!

O trabalho marcado pelo desprazer, pela degradação da inteligência e da sensibilidade humana, sem alegria, sem afeto, sem confiança, sem liberdade, sem sentido que não o restrito ganho econômico e de consumo e posses nos afasta de nossa consciência e amorosidade, nos afasta da paz e da felicidade, fragmenta-nos aos pedaços enquanto nos levam apenas a existir e não a viver e a conviver. Transforma-nos em coisas(insensíveis e inconscientes).

Sou hoje o que tenho e não o que sou e faço. Para ter o que quero, topo qualquer coisa, pois tenho contas a pagar. E sou aquilo que faço para ter. E nessa confusão de verbos, não tenho prazer de ser. Como o ter não dá prazer, entro na sinuca de bico moderna. Pois não sou o que quero – para ter. E quando tenho, não sou. Por mais marcas que vista e use, todos querendo ter, não sendo. Não fazendo o que gostam, o que querem – para continuar tendo. É a coisificação do homem, pois não há mais prazer no fazer. E quando não temos prazer no fazer, não estamos, não vivemos nem convivemos – só existimos. Ou meio estamos.

Acordei

Quando não sou, viro coisa, sem história, sem sentido, sem fluxo. Não crio. Não estou em cada momento, pois eu estou coisificando o presente. Coisificando as pessoas. Coisificando-me. Não há processo.

Isso é válido para outros países, mas é aqui no Brasil que posso melhor atuar em favor de mim, de minha família, e não só da humanidade, mas em favor da VIDA. É pífia a noção que temos do quanto somos oprimidos. Quer um referencial?

O quanto você não gosta do que faz? O quanto trocas, diariamente, estar com quem amas para fazer o que não gostas e pouco sentido percebes, para poder entregar aos que amas, coisas e mais coisas ? E por que você não faz o que gosta e acredita ser melhor, mais inteligente e saudável?

Daí começam as revoluções. Nossa mudança real começa pela labuta contra a nossa coisificação que nos impuseram e nós aceitamos até hoje, fragmentados e desunidos. Revolução que começa sempre do individual para o coletivo. E não o contrário.

A verdadeira luta é contra a sua coisificação, em primeiro lugar, e depois a dos outros! Depois, sim, coletivo de gente que se junta querendo se transformar no que pode vir a ser, conscientes, livres, criativos e cooperativos. Bora lá, 1Todo.

Do jeito que está, pensamos em coisas, supervalorizamos as coisas, queremos coisas. Conhecimento passa a ser coisa, a informação passa a ser coisa, pois nós ainda somos coisas. Não estamos em processo.

Fazer do conhecimento, da partilha e da cooperação um processo e uma plataforma política é essencial. Uma plataforma de transformação pessoal e coletiva em favor da VIDA e da convivência saudável.

Um comprometimento prioritário em favor da humildade, da simplicidade, da unidade, da gratidão, do prazer e da alegria de Ser Humano.

E o primeiro passo desse empreendimento terá que ser o conhecimento bastante pormenorizado de como a natureza sustenta a Teia da Vida. É tratar daquilo que gera e promove VIDA.

E descobrir-se-ão a essência da VIDA, a natureza e dinâmica de Ser Humano, e passaremos a focar no desenvolvimento de habilidades e competências coletivas para oportunizar viver e conviver valorizando a unidade na diversidade, a amorosidade, e a nos presentear com as riquezas dos sonhos, dos sentimentos e emoções compartilhados no agora enquanto cuidamos de nós mesmos para bem cuidarmos do próximo e, juntos, cuidarmos de todos como sendo 1Todo