Consciência, Cooperação e Convivencialidade
Uma das principais mudanças na vida de quem prioriza o compartilhamento e a cooperação é o aprimoramento da consciência a respeito da unidade que nos faz seres vivos e humanos, interdependentes, vivendo em rede como autores e atores de nossa realidade, mesmo não tendo escolhido vir a este mundo. E que esta interdependência extrapola os seres humanos e abarca todos os seres vivos.
Compartilhar é realizar a partilha do que é seu com os outros, e cooperar é agir em favor de objetivos comuns e necessidades comuns. Compartilha quem é solidário; coopera quem tem consciência que o outro é tão diferente de si próprio quanto importante à convivência saudável.
Daí, um senso de gratidão e de pertença indissociáveis daquilo que são e sentem ser, e que levam as pessoas, naturalmente, a buscar ampliar seus conhecimentos, suas descobertas sobre o funcionamento da vida enquanto reforçam sua pré-disposição a praticar sua consciência expandida. Perde valia progressiva ate sair de cena a fragmentação e, por consequência, a percepção de superioridade e a ânsia pela previsibilidade e pelo controle de todos se esvaziam. O tempo e as pessoas entram em cena como são. E são únicos. E por serem únicos são todosimprescindíveis. Se fossemos frutos de uma linha de produção, com personalidades, feições, gostos e crenças em série, seríamos descartáveis, pois haveria sempre alguém para nos substituir. Quando Consciência e Coração unidos nos conduzem, majoritariamente, a vida pulsa, cria, organiza e se transforma, prosperando. É preciso levar em conta que toda ação é fruto do nível de consciência, ou seja, da compreensão da realidade em que o indivíduo se encontra. Agora, não somos apenas existência; somos a arte da convivência.
A convivencialidade, ou a capacidade de conviver também demanda exercício de paciência, a ciência da paz. A capacidade de ajustar nossas expectativas ao tempo e à condição do outro. Ser capaz de acelerar ou diminuir o ritmo de acordo com a velocidade que o outro funciona, compreender as dificuldades que cada ser apresenta e ser especialmente paciente com a incompreensão e a ignorância, que não são pecados, mas estados de consciência. E, a consciência não dá saltos, mas podemos subir rapidamente seus degraus, dependendo de estarmos ou não acordados e atentos durante a jornada da vida.
Outra qualidade necessária à convivência é a gentileza. Praticá-la é uma forma de colorir nossos dias, abençoar e iluminar nossos passos. Assim como guardar mágoa de alguém é envenenar-se, exercitar a gentileza é um poderoso elixir de bem estar e saúde emocional. Este adjetivo refere-se aquilo que é gentil, amoroso e amável. A verdadeira bondade é aquela que é nascida da espontaneidade, naturalidade e sem qualquer interesse ou intenção de obter algo em troca. Não esquecendo que quando se está livre(consciente de mim), a gentileza universal é produzida.
A gentileza engloba atitudes de simpatia, compaixão, altruísmo, generosidade. Um conjunto de características distantes do egoísmo. Pessoas generosas são empáticas, querem ajudar os outros, de modo que ela vai se sentir melhor simplesmente por ter feito isso.
O ser gentil é, por si só, um indivíduo mergulhado no bem. Há algo poderoso na prática da gentileza, pois afeta profundamente a realidade, modificando-a. A começar pelo praticante e depois imprimindo sua marca em cada um com quem o indivíduo gentil interagir pela vida.
Já (se)imaginou as pessoas se ajudando mutuamente apenas pelo prazer de ter feito algo bom/bondoso?
Para garantir que cada criança aprenda a ser gentil é importante estar num ambiente onde se pode descobrir claramente seu significado e como se deve desenvolvê-lo. Tudo é uma questão de formação, algo que vem primeiramente da família.
Em meio a tantos incentivos para construirmos nossa propriedade individual, estamos começando a repensar o quanto ela há de ser tratada no coletivo, afinal, como seres sociais, ou enriquecemos a consciência e a lida convivencial pelo bem comum, ou adoecemos todos, passo a passo, enquanto achamos que uns obtém sucesso e outros choram suas derrotas.
Vejamos, portanto, como a vida compartilhada tem trazido para as nossas vidas uma condição de relacionamento bem diferente quanto as questões da propriedade, do controle, da transitoriedade, da paz e felicidade, e como isto tem impactado positivamente nossa consciência e comportamento, transformando pessoas e impulsionando as mudanças que precisamos implementar no mundo de hoje, para o bem de toda a VIDA.